Review do jogo Everybody´s Gone To The Rapture (PS4)


Ficha Técnica:
Desenvolvedora: The Chinese Room
Publicadora: SONY (PS4), Microsoft Windows Store / Steam (PC).
Plataformas: PS4 e PC
Data de lançamento: 11 de Agosto de 2015 (PS4), 14 de Abril de 2016 (PC)
Gênero: Simulador de caminhada.
Preço: U$19,90 (PSN USA), R$61,50 (PSN BRA), R$61,50 (STEAM)
Requisitos Mínimos: Windows 7, 8 ou 10, CPU i5 ou FX 6100, GTX 560 ti ou HD 6850, 4GB RAM, 8GB espaço no HDD e DX 11.

   Com foco em estória e exploração, traz gráficos e sons excelentes, mas peca na jogabilidade. O jogo têm uma estória interessante que prende o jogador e estimula a continuar, para descobrir o final, se a velocidade fosse maior, com certeza o jogo teria mais admiradores.


   Confesso que até esse jogo vir na PSN PLUS, eu não tinha ouvido falar desse jogo e nem da Chinese Room, quando vi algumas telas do jogo, resolvi investigar melhor e pareceu interessante. Fui atrás de informações sobre a produtora e vi que a empresa já tinha um jogo no estilo, chamado Dear Esther, lançado no Steam em 2012, na verdade o empresa começou fazendo MODs para o Half Life 2 e um desses mods, lançado em 2009 foi o Dear Esther, em 2012 a empresa lançou uma versão separada do mod, como um jogo completo para PC e a recepção foi boa, com muitos elogiando o estilo do jogo, a arte e o jogo ganhou vários prêmios. A empresa começou a trabalhar na sequência do Amnesia Dark Descent e em paralelo, a desenvolver o Everybody Gone To The Rapture, na Gamescon 2013, foi informado que a Sony tinha feito uma parceria com a produtora e que o jogo seria lançado para o PS4.


ESTÓRIA

   No jogo nunca é informado quem você é, porém você começa ouvindo a Doutora Kate, explicando que tudo acabou e que ela é a única sobrevivente...
   O jogo traduzindo literalmente, seria algo como "Todo mundo foi para o arrebatamento", para quem não sabe, na bíblia, é citado o arrebatamento, como a segunda volta de Jesus Cristo, e que as pessoas irão literalmente sumir, serão arrebatadas e irão para o céu, ficando somente os pecadores não arrependidos na terra, é um pouco do que tratam os filmes como Deixados para Trás e até a série Leftovers da HBO.
   Apartir daqui, pode conter SPOILERS, portanto se você quiser, pode pular para o próximo tópico.
   O jogo têm como personagem principal a citada doutora Kate (Khaterine Collins), porém há outros personagens que são recorrentes, típico de uma cidade pequena. Eu vi reclamações do fato dos personagens serem representados por um padrão de luz, o que dificulta acompanhar quem é quem, mas para quem gosta de ler, não terá problemas, pois você vai criando uma imagem mental dos personagens. A dublagem em português é boa, mas para quem têm um inglês mais avançado (que consegue distinguir sotaques), recomendo fortemente que joguem dublado em inglês e só com legendas em português. Na primeira jogada, você só acostuma com os personagens, lá pela segunda ou terceira hora de jogo, mas na segunda vez, é muito interessante, pois você já sabe quem é cada um e já liga as estórias deles, com fatos que você já conhece.
   Na estória, você está na Inglaterra de 1984, a doutora Kate e seu Marido Stephen, são cientistas que trabalham em um observatório na cidade, eles descobrem um padrão de luz no céu, começam a investigar o padrão anormal e acabam atraindo o padrão para a pacata cidade do interior. O padrão numa tentativa de comunicação tenta, tomar os passáros e animais (vacas e cães) e mata a todos, depois começa a tomar os humanos, porém sem perceber, vai matando os seres humanos, transformando eles em cinza ou em luz. O padrão vai se adaptando, inicialmente como uma doença que causa dores de cabeça e sangramento no nariz e "transmitindo" de homens para homens e depois ele evolui e consegue se transmitir por linhas telefônicas e até mesmo ondas de rádio.
  O interessante é você ir descobrindo essa estória, pois enquanto a Kate está presa no observatório, tentando fazer tudo, para conseguir uma comunicação efetiva com o padrão, seu marido Stephen, começa a observar que o padrão já escapou do laboratório e acaba afetando as pessoas na cidade e depois no mundo.
   É interessante notar que na tentativa de evitar que o padrão fosse transmitido para fora do vilarejo, Stephen com a ajuda de Clive da central de emergências, acaba conseguindo até um bombardeio de gás no vilarejo, matando todo mundo (que ainda não tinha morrido pela infecção do padrão).
   A estória principal é dividida em 6 arcos, um para cada personagem de destaque, porém tem outros personagens que você só vai saber o fim se explorar e desbloquear as inúmeras estórias secretas.
Para conseguir todos os troféus, é necessário no minimo, 4 jogadas completas, a finalização do jogo vária entre 30 minutos até umas 6 horas. Teve um troféu que não desbloqueou normal, tiver que ir até o fim do jogo e voltar direto e demorei cerca de 15 minutos para chegar no fim do mapa. Os arcos das estórias podem ser feitos em qualquer ordem e você não precisa terminar um arco para começar o outro, inclusive um dos troféus exige que você vá direto para o penúltimo arco, sem terminar os outros.
   A estória termina aberta, deixando espaço para interpretação, na internet vi gente dizendo que o padrão é um alien (eu acredito nessa teoria), outra teoria fala em algo religioso e uma terceira que o padrão seria uma mistura de almas e sentimentos humanos, jogue o game e escolha o que lhe convier.


GRÁFICOS

   Coloquei o jogo para rodar e começou uma animação inicial, achei que ainda estava na animação, mas quando movi o controle, vi que já eram gráficos real time, se tem uma coisa muito bonita no EGTTR, com certeza são os gráficos do jogo, o game usa a CryEngine (que foi desenvolvida pela Crytek, para o primeiro Crysis) e o jogo têm partes muito bonitas, como os cenários não possuem seres vivos, o destaque fica para os efeitos de luz, sombra e principalmente os efeitos climáticos, esse foi um dos primeiros jogos em que vi uma implementação muito boa de nuvem passando em frente ao sol por exemplo, quando você chega em uma parte, começa a ficar um clima desértico, com tudo laranja, em outro momento cai uma chuva torrencial, tudo muito bonito e muito bem feito, porém no PS4 nem tudo é como deveria, uma coisa que me deixou admirado negativamente, foi a falta de implementação do filtro anisotrópico, não entendo porque os desenvolvedores pensam que gamers de consoles não notam isso, pois desde o PS3 e X360, você vê jogos com AA implementado e com aquele chão todo borrado, pelo menos na maioria dos jogos que testei, o AA sempre foi muito mais pesado que o AF, portanto, podiam equilibrar melhor esse aspecto.
   Mas no geral não há muito do que reclamar, os efeitos são muito bons e há cenas memoráveis, têm momento que me senti jogando um demo do 3DMark, lembro do 2001 pro DX8.1, que tinha uma árvore (que na época era muito impressionante, uma árvore em 3D, em um tempo que nos jogos a maioria das arvores eram 2 texturas encaixadas formando algo que parecia uma arvore de papelão), cheguei a parar em vários locais e tirar screenshots. As texturas em geral são boas e o AA do jogo é muito bom, mostrando poucos serrilhados.



JOGABILIDADE

   Se você olhar no Steam ou na PSN, verá que o jogo é do tipo, ame ou odeie-o, eu vejo os simuladores de caminhadas, como algo mais próximo dos jogos point-and-click, muitos gostam desse estilo de jogo e muitos acham que são filmes interativos e que não deveriam ser considerado jogo. Desde a primeira vez que joguei Myst, descobri os point-and-clicks, além de Myst, cheguei a comprar um mouse no PS1, para jogar clássicos como Broken Sword 1 e 2, Myst, Riven, Blazing Dragons, etc. Desde a época do PS1, era comum, chegar alguns amigos e torcerem o nariz para o estilo de jogo, porém haviam os que adoravam, os simuladores de caminhadas, são muito próximo dos point-and-click, pois em vários deles, você não morre, vai interagindo com o ambiente e descobrindo a estória e a maioria, recompensa os jogadores que exploraram mais, por exemplo, na primeira jogada do EGTTR, eu não vi uma cena falando sobre a cor da Kate e imaginava que o preconceito com ela, era pelo fato de ser americana, porém na segunda jogada, duas cenas extras, mostraram um preconceito, principalmente da sogra da Kate (Wendy), citando que ela era negra e não pertencia, àquele lugar.
   A jogabilidade é simples, você têm o botão X que interagem com a maioria dos objetos (portas, rádios, telefones, portões, etc), o sensor de movimento que é usado para ativar algumas cenas e o R2 que faz o personagem andar um pouco mais rápido, aqui chegamos no maior problema do jogo, em um jogo que o foco é a exploração, fica complicado explorar quando o personagem anda tão lentamente, para piorar, o R2 só faz o personagem correr após 6 segundos, isso mesmo, você precisa apertar o botão e só depois de 6 segundos que o personagem acelera, depois de um tempo eu acostumei e percebi que não precisava soltar o botão para interagir com outros objetos, você pode por exemplo, ativar um rádio, ouvir e continuar segurando o R2, assim quando for se mover, já se move mais rápido. Porém em alguns locais, mesmo segurando o R2 o jogo força o jogador a andar lentamente, principalmente dentro de alguns locais como os estábulos e galpões da Appleton´s Farm.
   Muitos amigos que pegaram o jogo na PLUS, abandonaram por causa da lerdeza no movimento, no PC como sempre, existe um speed hack que acelera o movimento, já no PS4, só dá pra andar vagarosamente mesmo.
   Outro problema do jogo é o sistema de SAVE, o jogo costuma salvar após eventos importantes ou cutscenes, porém as vezes vocês começa a explorar, sai procurando atalhos e sai do jogo e quando volta, descobre que toda exploração após a ultima cutscene, não foi salvo. O jogo deveria ter um sistema para salvar a qualquer momento como o Gone Gome por exemplo.


SOM

   O jogo ganhou vários prêmios pela parte sonora e ela é muito boa, o jogo vai em alguns momentos alterando a música conforme as cenas que você vai liberando e vai criando um clímax que culmina no fim de cada arco, as músicas variam conforme os personagens e também conforme a estória, em alguns locais vocês escuta animais como pássaros, você escuta os rios e em algumas cenas têm os barulhos dos aviões, sirenes, etc.
   A dublagem brasileira é boa, porém jogar em inglês, observando os sotaques (americanos, britânico, etc), dá uma profundidade a mais na estória e fica mais fácil observar e identificar os personagens.

CONCLUINDO

   O jogo é bom, tem uma estória interessante, personagens que criam empatia, ambientes bem feitos, mas tudo pode ser arruinado pela lerdeza do movimento, porém se você conseguir se acostumar, vai descobrir um jogo que é instigante e vai descobrir as nuances das estórias dos personagens, eu recomendo que você jogue, principalmente se conseguir ele gratuito na PLUS ou barato no Steam, no preço normal (em torno de R$60,00), eu acho que não compensa, pois o jogo sempre entra em promoção por valores abaixo de R$20,00.

Se alguém tiver alguma teoria, pode deixar nos comentários.

Até mais.



 

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